Yogins como Proletáries

Yoga hoje tomou forma social diferente. Quais desejos/afetos que movem corpos no campo yoguico? Desejamos realmente a revolução (moksa, kaivalya, nirvana, samadhi)? O que você deseja com/do Yoga?

A forma yoguica moderna foi capturada pelo capital. Com isso não caio no clichê que yogins só pensam em dinheiro; yogin capitalista conserva ou reforma a si, temendo revoluções.

A ideologia yoguica agora é empreendedora, individualista e do yoga como propriedade privada (hinduísta, cristã, ateísta, natha, científica ou filosófica), direcionando desejos para longe da veia revolucionária (ou 'autoconconhecimento').

Há que se construir um corpo que deseja ser afetado por algo maior e mais forte que a captura.

Falo em retomar os meios e modos de produção subjetiva desejante yoguico revolucionário contra o conservar e reformar yogas: essa é a tarefa de yogins do apocalipse: nós, que vivemos em kali-yuga ou queda-do-céu (ref. A queda do Céu, Davi Kopenawa Yanomami).

Mobilizar yogares ao desejo das massas, rompendo oligarquias yogares vigilantes e punitivos de yogins desviantes.

Raros os que desejam revolucionar-se aliados a um yogar. A maioria deseja ser ?a melhor versão de si-mesmo?, porque seus desejos não passam por liberdade e revolução, mas independência em pequenas doses de alegria, bem-estar, ?plenitude?...

E você está aí agora, olhando fixo (alguns desconfiados, outros sarcásticos) para essa tela de silício se perguntando: qual yoga ele vai vender para substituir o que critica?

Sem perceber, repete em si a captura e a impotência de imaginar novas forças/desejos/afetos yoguicos: não falo de formas, mas forças de yogar.

Disputar (no mercado) entre tradicional ou moderno, hindu ou jainista, científico ou espiritual, acro ou asthanga é própria lógica do capital que lhe domina e faz passar um monte de {ou-ou} q o enfraquece em ser e desejar mais.

No fim é tudo sobre 'fazer meu yoguinha', mas ele é seu mesmo?

Somos hoje, yogins (e professores) de yoga/meditação proletários vendendo força-de-trabalho como mercadoria. Não estamos nem perto de uma disputa real pelas forças/desejos/afetos em yogar novas (im)possíveis formas de viver. Yoga é fim da alienação e não de sonhar novos mayas!