PLANO ALDEIA
ACESSO GRÁTIS POR 3 DIAS
- 35 cursos inclusos
- Acesso imediato e válido por 1 mês
DO QUE FALA O AUTOR
No que tange ao campo da ciência da religião em seu recorte histórico, há um fenômeno curioso que tem sido analisado por vários autores: a apropriação, por parte de movimentos religiosos, de dados e conceitos das ciências naturais. De fato, essas ciências a partir do sec. XIX adquiriram um estatuto diferenciado no âmbito do conhecimento e no caminho do progresso humano, inclusive o espiritual, e assim muitas correntes de pensamento tiveram de se defrontar com a Ciência de modo ambivalente: quer aceitando, quer rejeitando, a Ciência é em todo caso exaltada no discurso apologético. Além disso, no contexto do colonialismo, soma-se a tendência descrita com o esforço de equiparação com a metrópole. Por fim, a transplantação das práticas para o Ocidente e por ocidentais aponta para o problema para a mudança de significado das concepções tradicionais para serem mais palatáveis à sensibilidade moderna.
Roberto Simões, na presente obra, recolhe anos de pesquisa a respeito da ressignificação contemporânea de um movimento específico, o do yoga hindu, a partir do fenômeno que agora mencionamos. Ele procura ser abrangente em sua estratégia. Primeiro, percorre o longo caminho do yoga, a partir de seus escritos mais representativos, indicando formas de ressignificação que foram ocorrendo ao longo da história. Em seguida, ao falar do yoga moderno, o autor indica como os principais yogues de fins do sec. XIX e do sec. XX adotaram uma perspectiva sincrética, sugerindo a compatibilidade da fisiologia sutil do yoga tradicional (tão bem descrita pelo autor) com os dados da fisiologia ocidental, dentro do âmbito da Ciência moderna. Tal sincretismo foi acentuado na medida em que o yoga foi se popularizando no Ocidente. Esse tornar-se respeitável perante a modernidade colocou alguns desafios peculiares. Seria necessário “descartar o bebê junto com a água do banho”, ou seja, deixar para trás os elementos místicos da tradição e reduzir o yoga a práticas de bem-estar? Apesar de “religião” ser um conceito Ocidental, poder-se-ia apresenta o yoga também como religioso, e não apenas como parte da medicina? O autor não se furta a essas e outras questões de fundo e, recorrendo a uma extensa bibliografia e a entrevistas com importantes yogues brasileiros, nos apresenta um retrato fiel das circunstâncias onde essas questões se desenvolvem.
Em particular, Roberto discorre sobre os klesas (ignorância, apego, aversão, medo e orgulho) no Yoga tradicional, seu significado original, e a tradução para o conceito ocidental de “estresse”, uma condição tão comum hoje em dia. Assim sendo, no Ocidente em geral e no Brasil em particular, o yoga é apresentado como uma série de práticas e posturas destinadas a reduzir o estresse. Mas terá sido dada a última palavra a respeito? Poderá ainda se manter parte da inspiração do Yoga, que se colocava como uma prática espiritual e até mesmo, em termos modernos, como uma “religião”?
Com um bom conhecimento da fisiologia médica e da história e da sociologia do yoga, o autor se qualifica unicamente a discorrer sobre essas questões. Seu trabalho não resulta somente de sua prática, mas de uma dissertação de mestrado e de uma tese de doutorado na área de Ciência da Religião, onde o praticante de yoga dialogou com o acadêmico para produzir um discurso sobre o yoga que é ao mesmo tempo simpático e objetivo. Leitura obrigatória para aqueles que querem aprofundar seus conhecimentos sobre essa antiga e influente arte Oriental, para além das obras de divulgação existentes em grande número no mercado. Tarefa exigente mas ao mesmo tempo recompensadora, dado o estilo fluente e agradável do autor.
Prof.Eduardo Rodrigues da Cruz
Doutor em Teologia pela Universidade de Chicago e Professor titular da PUC-SP
::
OS KLESAS, SAMADHIS e KAIVALYAS SE CRUZANDO COM BRASILIDADES
No Brasil, provavelmente mais do que em qualquer outro país, uma associação dos klesas com o estresse em consonância com salvação/libertação espiritual pode revelar-se mais nítido e compreensível. Digo isso, pois, entre os brasileiros (mas talvez também em outras geografias e outros líderes yoguicos nativos ou indianos), aliar Yoga como benéfico para a saúde tornou-se bastante conhecido graças ao yoga difundido pelo Prof. Hermógenes e também décadas antes dele, quando uma América Latina, em geral, edificava um yoga sem a influência vigorosa de gurus indianos. Assim, características singulares foram sendo desenvolvidas e erigiram um Yoga latino-americano difuso e inusitado. Mesmo que escassos, estudos brasileiros corroboram essa possível singularidade de um yoga no Brasil.
Um desses trabalhos, sobre uma formação de yoga entre brasileiros, revelou que estes parecem estar perdendo seus atributos de errância, que caracteriza as espiritualidades Nova Era, pois têm se tornado cada vez mais fiéis (se converterem) ao seu guru, yogue-referência ou professor de formação. O conceito de errância entre o movimento religioso nova era é uma característica bastante investigada. Ela se baseia na ideia de novaeristas não se converterem a um sistema institucional religiosa e migrar entre diversas denominações religiosas/espirituais sem se filiar a nenhuma delas. A cientista Hervie-Leger denominou de peregrinos os adeptos nova era justamente por diferenciar-se dos convertidos.
Mas entre alguns yogues brasileiros investigados o papel de convertido ao seu yoga parece estar crescendo mais do que os peregrinos. Além disso, um yoga brasileiro também despertou discussões sobre o seu papel social, seja de terapêutica ou ginástica laicas.
Um caso curioso aconteceu em meados dos anos 2000 — repetido em 2016 — quando yogues brasileiros precisaram se mobilizar para defender-se contra a tentativa de intervenção do Estado. Instituições governamentais brasileiras pretendiam transformar os yogas em atividade física e, anos mais tarde, classificar yogues em professores ou terapeutas profissionalmente regulamentados. Esses fatos políticos favoreceram alguns yogues a posicionar seu papel social entre os brasileiros. Pesquisas na ciência da religião no país já conseguem afirmar um caráter vivo de sincretismo religioso brasileiro de alguns yogas a algum tipo novo de espiritualidade.
A partir daqui já parece lícito problematizar uma compreensão do papel dos klesas sob o novo panorama social, político e religioso brasileiro. Talvez um impacto soteriológico no transplante yoguico, de uma sociedade estratificada indiana para uma sociedade democrática, secular e privatizada religiosamente como alguns núcleos sociais brasileiros, possa estar fomentando novos discursos religiosos. O Brasil, por seu sincretismo cultural, talvez seja um possível laboratório social para verificar as inovações religiosas de alguns yogues modernos.
A todos interessados aos novos mitos e ressingularizações que yogi(ni)s latino-americanos, mas sobretudo, brasileiros desenvolveram criativamente com yogas que entraram em contato desde os anos de 1950.
Um curso instigante, provocador e real sobre o campo social religioso em que o yoga e seus agentes atuam produzindo crenças, mitos e novos fluxos espirituais.
Sem tempo para fazer o curso agora?
Fique tranquilo, você poderá participar desse curso em até 1 ano após a matrícula.
1INTRODUÇÃO
Yoga Malandro (aula 1): Por quê?
19:09
Yoga Malandro (aula 2): Yoga Postural Moderno
17:09
2UM YOGA ATRAVÉS DOS TEMPOS
Yoga Malandro (aula 3): Contextualizando do assunto
13:01
Yoga Malandro (aula 4): Yoga Antigo (Pré-Patanjali)
22:45
Yoga Malandro (aula 5): Yoga "Clássico" (Patanjali e o Yoga-Sutras)
23:33
Yoga Malandro (aula 6): Yoga-Sutras
27:45
Yoga Malandro (aula 7): Yoga Medieval (parte 1)
37:21
Yoga Malandro (aula 8): Yoga Medieval (parte 2)
15:40
Yoga Malandro (aula 9): Yoga Postural Moderno surge
23:24
Yoga Malandro (aula 10): Yoga Moderno
20:50
3OS KLESAS NO MUNDO MODERNO
Yoga Malandro (aula 11): A ressingularização do Yoga à luz da Ciência (biomédica ocidental)
15:23
Yoga Malandro (aula 12): Os klesas sob o prisma moderno
20:58
Yoga Malandro (aula 13): Os yogues modernos e a linguagem da Ciência
20:00
Yoga Malandro (aula 14): Filosofia dos Klesas na modernidade
15:36
Yoga Malandro (aula 15): o estresse na biologia
20:40
Yoga Malandro (aula 16): Relaxamento
36:46
4YOGA(s) NO BRASIL
Yoga Malandro (aula 17): A "profanação" do yoga pelo(a)s latino-americanos
21:41
Yoga Malandro (aula 18): Fase 1| místico-esotérica
18:37
Yoga Malandro (aula 19): Fase 2| vistando yogis indianos
27:51
Yoga Malandro (aula 20): Fase 3| busca identitária
20:23
Yoga Malandro (aula 21): Fase 4| híbridos vs tradicionalistas
21:37
Artigo científico: As raízes do Yoga na América Latina
22 págs.
5CONVERSANDO COM YOGI(NI)S E CIENTISTAS
Yoga Malandro (aula 22): Início das entrevistas
11:57
Yoga Malandro (aula 23): Os Cientistas-Yogui(ni)s
21:31
Entrevista com a yogini Camila Reitz
01:10:06
Entrevista com o yogi Glauco Tavares
37:30
Entrevista com o yogi Marcos Rojo
54:42
Entrevista com o yogi Marcos Schultz
01:48:02
Entrevista com o yogi André DeRose
02:27:00
Entrevista com o yogi Cristóvão de Oliveira
01:46:21
Entrevista com os yogis Prof.Hermógenes e Thiago Leão
33:09
Entrevista com o yogi Mestre DeRose
01:48:15
Entrevista com o yogi Pedro Kupfer
01:15:45
Entrevista com o a yogini Miila Derzett
01:17:27
Entrevista com o yogi Anderson Allegro
01:05:23
Entrevista com o yogi e pai-de-santo Alexandre Cumino
01:01:40
Entrevista com o cientista Roberto Cardoso
01:29:58
Entrevista com o cientista Marcello Árias Danucalov
01:02:17
6YOGA(S) MALANDROS
Yoga Marginal (aula 24): Nosso caminho até aqui
29:01
Yoga Marginal (aula 25): Yoga como nova religião
20:00
Yoga Malandro (aula 26): Espaço Liminar e Samadhi
27:27
Yoga Malandro (aula 27): Nova Era e os Yogas
20:21
Entrevista com Yogi(ni)s da "Quebrada" (parte 1)
13:00
Entrevista com Yogi(ni)s da "Quebrada" (parte 2)
12:25
Entrevista com Yogi(ni)s da "Quebrada" (parte 3)
14:17
Yoga Malandro (aula 28): quem tem o yoga verdadeiro?
32:35
Yoga Malandro (aula 29): alteridade espiritual
13:04
Yoga Malandro (aula 30): alienação espiritual
15:00
Yoga Malandro (aula 31): kaivalya ou libertação espiritual
17:54
Yoga Malandro (aula 32): mal-estar e as soluções yoguicas
23:35
Yoga Malandro (aula 33): relaxamento-espiritual
23:21
Yoga Malandro (aula 34): homeostase-divina
16:31
Yoga Malandro (aula 35): Yoga com uma vibe brasileira
20:41
Yoga Malandro (aula 36): kaivalya à brasileira
39:13
Artigo: Ioga e seus novos bens-de-salvação no Brasil
27 págs.
7CONCLUSÃO
Yoga Malandro (aula 37): concluindo
09:22
Acesso por 1 ano
Estude quando e onde quiser
6x R$ 55,82
era R$ 350,00 R$ 296,00 à vista
…
As matrículas para este curso esgotaram-se no momento. Inscreva-se abaixo para reservar o seu nome na próxima turma.
É necessário ter uma conta Yoga Contemporâneo. Se você já é aluno, faça o login . Caso não seja, cadastre-se abaixo e comece já!
…